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'Cause I am the opposite of amnesia || RP

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Mensagem por Adrian Gaspard Dom maio 24, 2015 4:02 pm



Dados da RP


Participantes: Adrian Gaspard e Elsa Owergoor.
Clima: Ensolarado, 17°
Dia 4 de março de 1861, manhã.
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'Cause I am the opposite of amnesia || RP Empty Re: 'Cause I am the opposite of amnesia || RP

Mensagem por Adrian Gaspard Sex maio 29, 2015 5:07 pm


my childhood spat back the monster that you see.

A mansão dos Gaspard tinha se transformado em um ninho de amor, e toda aquela melosidade fazia Adrian desejar vomitar sempre que jantava ou almoçava com os recém casados. Especialmente porque, mesmo que decidisse aturá-los, Elsa ainda se mantinha à mesa, como se fosse uma hóspede qualquer deles, quando não era. Era uma criada, uma criada que estava apaixonada pelo seu patrão -- Adrian permitiu-se rir, zombeteiro, dos sonhos impossíveis que a menina tinha em relação ao irmão mais velho., enquanto caminhava em direção ao seu escritório particular nas propriedades. Oras, não era como se os irmãos mais velhos fizessem algo para aumentar a fortuna já proeminente dos Garpard, era? Além de tudo, ele sentia falta das variáveis, dos cálculos e de todos os conceitos que aplicava quando começava a desenhar mais uma planta de um novo recanto que seu dinheiro o permitiria construir, cobrando alugueis suntuosos dos mais pobres de Londres enquanto enriqueciam mais e mais. Economia básica. Havia conhecido Karl, um retirante da faculdade de direito, meses atrás, e não conseguiu fazer nada, além de rir da cara do, então, filósofo, quando ele discutiu a assimetria entre as relações das classes. Era óbvio. Sempre existiriam os oprimidos, não havia nada que pudessem fazer. Mas, por Adrian, era melhor ele ser o opressor a ser o oprimido.

Levantou uma das sobrancelhas, erguendo o projeto em mãos poucos minutos depois de ter começado a mexer de verdade com a planta, e sorriu lentamente, imaginando os operários dando suas vidas para erguer aquele patrimônio. Quisesse admitir ou não, o Gaspard adorava o que fazia, o tirava de praticamente todas as suas preocupações, tanto com a alcateia e Valentin quanto com Carter, do outro lado do Canal da Mancha. Administrar todo aquele império, entretanto, não era fácil, e mesmo que estivesse absorto demais para se dar conta do tempo que passara com seus rabiscos, quando levantou a cabeça, o sol já estava nascendo, anunciando um novo dia chuvoso em Londres. Permitiu-se relaxar sobre sua poltrona, espreguiçando-se e sentindo as articulações estalarem pela falta de atividade -- listou pelo menos umas trinta com aquele barulho irritante, e sorriu, levantando-se para pegar uma taça de vinho, mas, aparentemente, foi tarde demais.

Já havia alguém no batente da porta de seu escritório, e era justamente uma pessoa que Adrian não desejava ver infectando seu ambiente pessoal. Levantou uma das sobrancelhas, o sorriso irônico categorizando seus lábios, naquele momento, seguido da careta de nojo. Elsa demorou, até, até começar a falar, preferindo pulverizá-lo com o olhar -- não que ele se importasse, verdadeiramente, ignorá-la tinha se tornado um passatempo interessante, até, já que a mulher parecia estar em todos os lugares onde Adrian ia. Negou, bufando sem paciência, após alguns minutos infelizes que decidiu perder com a morena. "Algum problema?", ironizou, guardando os desenhos da planta recém feita para que depois seus criados entregassem a um capataz hábil. Deu as costas para a morena, e sabia que aquela não era a decisão mais esperta de todas, mas estava contando que ela o atacasse ou algo assim para, mais uma vez, mostrar que era ele quem mandava em toda a situação quando envolvia a alcateia dos Gaspard. "Não vá me dizer que o gato -- justamente o gato -- comeu a língua da Gata Borralheira", soltou uma risada cínica, fazendo questão de irritar a mulher o máximo possível, até aplicar seu golpe final, para que ela o deixasse em paz e fosse fazer algo útil de sua vida miserável -- na mente de Adrian, envolvia, provavelmente, Elsa agindo como uma empregada, de verdade, e não se metendo em assuntos que não lhe diziam respeito. "Ou o problema é que você quer mais do que aconteceu no casamento do seu amado?", levantou as sobrancelhas, teatralmente chocado, mas com um riso pronto para ascender de sua garganta. "Désolé, mas nunca vou ficar tão bêbado para que isso aconteça novamente", deu de ombros, sentando-se em sua poltrona com a pose mais descontraída que conseguiu. "A porta da rua é serventia da casa", indicou, esperando que ela o deixasse, mas claramente Elsa tinha outros planos.

E pensar que o dia tinha começado tão bem...
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'Cause I am the opposite of amnesia || RP Empty Re: 'Cause I am the opposite of amnesia || RP

Mensagem por Elsa Owergoor Sex maio 29, 2015 10:09 pm

Pink lipstick stain, cigarette butts I lie in bed, I hate my guts A day in the dark, a murdered afternoon, yeah Oh baby darling how I'd love To become your suicide blonde To lie beside my Romeo Oh, what a wicked way to go
...it only takes two lonely people to fuck love up and make it evil



Por quê? Era só o que eu queria saber. Por que, dentre todas as coisas que eu esperava que ele fizesse comigo, ele tinha feito justamente a que eu não esperava. E pior: por que, por todos os sete infernos, eu havia retribuído a droga do beijo? Não conseguia parar de pensar naquilo. A única coisa que fazia com que eu esquecesse momentaneamente daquele desastroso casamento eram justamente os noivos. Valentin parecia mais sorridente nos últimos dias do que havia estado desde o dia em que o conheci, e isso deveria me fazer feliz -- aquela história de "se ele está feliz, eu também fico feliz" -- mas a verdade era que eu queria mais do que nunca vê-lo carrancudo e rabugento, talvez irritado e inconformado porque tarde demais havia se dado conta de que havia cometido um erro ao se casar com Ophelia Stark; mas o que se via naquela casa era justamente o oposto.

Ambos pareciam radiantes, como se tivessem sido apaixonados um pelo outro durante a vida toda. Eu sabia que o jogo estava perdido para mim. Valentin jamais veria uma possibilidade de relacionamento entre nós estando casado; era um homem íntegro, probo, um verdadeiro cavalheiro, do tipo que as poucos ia se escasseando. Não que eu me importasse de verdade com isso. Eu só queria ele porque ele era único, até mesmo nos defeitos. Por outro lado, estava começando a perceber que Ophelia não era uma pessoa tão má como eu havia pintado. Pelo que soube após o casamento, ela não tivera qualquer escolha; o que se deu foi uma espécie de enlace negocial. Eu sabia que isso acontecia o tempo todo, mas esperava que Valentin se cassasse por amor. Talvez tivesse me iludido com ele nesse ponto. Talvez muita coisa do que eu pensava dele não fosse verdade.

A questão era que, por mais que tivesse vontade, era incapaz de abandonar a alcateia e expor minha vergonha para que todos soubessem que deixei de lado uma causa maior -- num momento tão crítico quanto o que vivíamos -- só porque fui levada por meus sentimentos. Sentimentos que estavam num turbilhão nesse exato momento. Raiva de Adrian. Raiva de mim mesma por tê-lo seguido durante o casamento. Raiva de Valentin e Ophelia. Algo mais por Valentin. E alguma outra coisa impossível de discernir em relação a Adrian. Mas isso eu ignorava com todas as minhas forças, porque eu podia ser tudo, menos masoquista.

Ele havia me ignorado, é claro, desde a noite da festa. Durante as refeições nem mesmo olhava na direção em que eu estivesse sentada, por mais que Valentin fizesse um esforço para que todos interagissem. Eu deveria fazer o mesmo e esquecer que aquele beijo havia acontecido, mas minha teimosia não permitia. Ele tinha que me dar satisfações. Ninguém sai por aí beijando outras pessoas do nada, ao menos não no meu modelo de mundo. Por favor, estamos no séc. 19!

Quando parei à porta de seu escritório, que era o lugar no qual ele se trancava a maior parte do dia, a única coisa que fui capaz de fazer foi encará-lo. Já não sabia se era uma boa ideia confrontá-lo. Ele tinha aquela atitude de sempre, a que assumia quando me via; talvez fosse instintivo, um mecanismo de defesa. Guardou os papéis que tinha sobre a mesa, e eu vislumbrei rapidamente alguns desenhos muito bem feitos. Não tinha duvida de que ele era um homem inteligente. Também não tinha dúvida de que era extremamente arrogante.

Ele fez mais piada com aquele apelido ridículo, o que fez com que eu suspirasse e fechasse os olhos, buscando me acalmar. Não era o momento ideal para discutir -- se bem que, com Adrian, todo momento era ideal para discutir --, eu estava ali por um motivo e manteria o foco nisso. "Ou o problema é que você quer mais do que aconteceu no casamento do seu amado?", ele falou, escarnecendo. Então eu soube que não havia significado nada para ele. Foi simplesmente uma brincadeira de mau gosto; na verdade fazia parte de seu mais novo jogo: humilhar a Gata Borralheira. Não bastasse, ele ainda mandou que eu me retirasse de seu escritoriozinho. Poderia haver alguém que eu odiasse mais no mundo? Não. Nem mesmo Ophelia Santinha Stark, isso que ela havia roubado o homem da minha vida.

- É justamente esta a questão, Gaspard. O que aconteceu no casamento, respondi, imitando sua voz irritante. Havia dado mais alguns passos pra dentro do quarto no momento em que ele me mandou embora, só pra contrariá-lo. Agora eu estava bem na sua frente, por mais que a diferença de altura fosse ridícula: enquanto ele tinha quase 1,90m, eu era pouco maior que um anão. Isso nunca havia me incomodado, até aquele momento, Me senti em desvantagem. -- Mas não, eu não vim pedir mais beijos. Eu não pediria nem que minha vida dependesse disso -- disse, uma imitação de seu sorriso debochado em meu rosto. -- Vim aqui lhe perguntar o motivo de ter feito aquilo, mas agora ele está cristalino para mim, então vou lhe dar um recado: não pense que pode brincar comigo só porque tem mais dinheiro do que eu. Não sou sua criada. Não sou seu brinquedo. E nada, absolutamente nada, te dá o direito de me tocar! Nossos rostos estavam muito próximos, mas eu não me atreveria a desviar o olhar. Não lhe daria esse prazer. -- Valentin tem sido indulgente com você até o momento, mas ele não será pra sempre. E então veremos se você permanecesse na alcateia - disse, presunçosa. Era um blefe, obviamente. É claro que Valentin não expulsaria o próprio irmão, mas seria saudável dar-lhe o benefício da dúvida.





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'Cause I am the opposite of amnesia || RP Empty Re: 'Cause I am the opposite of amnesia || RP

Mensagem por Adrian Gaspard Sáb maio 30, 2015 8:23 pm


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Levantou-se no mesmo momento em que a morena deu alguns passos, adentrando no ambiente e fazendo questão de fechar a porta durante o processo. Lembrava-se de levantar as sobrancelhas, um meio sorriso debochado presente em seu rosto -- sorriso esse que não conseguia tirar do seu rosto quando aquela enxerida estava por perto. Apoiou-se na mesa, displicentemente, como se a presença dela e toda a sua fúria não o interessassem, porque, era óbvio, Adrian jamais daria tanta atenção a uma criada. Céus, deveria tomar seus braços e jogá-la no olho da rua, que era o lugar ao qual pertencia, a sarjeta fétida das ruelas de Whitechapel. O nobilíssimo Valentin Gaspard não deixaria que fizesse isso com sua protegida, entretanto, e Adrian bufou, antes de voltar seu olhar novamente para Elsa, já que, por segundos, tinha se esquecido de sua presença, tão pequena ela era de frente a ele. Levantou uma das sobrancelhas, cruzando os braços fortemente enquanto soltava uma risada sarcástica. "Realmente? Você não é uma boa mentirosa", escarneceu, negando levemente com a cabeça enquanto fazia de tudo para irritá-la mais do que já estava. Segundo seus cálculos, logo ela estaria tão furiosa que deixaria a razão de lado, e ele poderia acabar com aquilo tudo, alegando que agira em defesa de sua própria vida. Seria fácil, analisou. "Pensei que ia demorar mais, talvez seja mais esperta do que assumi inicialmente, mas, sejamos sinceros, demorar tanto tempo para perceber algo que eu disse no segundo seguinte é algo digno de uma pessoa que pode ser comparada a um neandertal sem cultura", sorriu, os dentes brancos provavelmente cegando a garota, já que Adrian tinha mantido as janelas descobertas -- sempre era bom saber quando o sol nasceria, novamente.

Franziu o cenho, fazendo pouco caso das palavras da morena. "Ah, mon cher. Se você não é meu brinquedo, é de quem? De Valentin?", permitiu-se rir de uma alegação tão ridícula, mas a sentença tinha um fundo de verdade. Estranhamente, Adrian não quis pensar que ela pudesse ser usada pelo irmão. "Ele te vê como uma irmãzinha", parou por alguns segundos, antes de gargalhar ante a declaração. Adrian tinha um humor negro, afinal. "Perdão, eu quis dizer que ele te considera uma irmãzinha. Nem sequer vê-la ele é capaz, pobre Valentin", contraiu os lábios, claramente desejando rir naquele momento, mas preferindo não o fazer, mesmo que não soubesse o real motivo. Quando Elsa falara algo sobre ter ou não ter o direito de tocá-la, Adrian fechou os olhos por alguns instantes, forçando-se a não falar as atrocidades que estava pensando. Ele não tinha o direito de tocar nela? Bufou, irritado, pela primeira vez. Ele não desejava fazê-lo, era diferente -- não queria dizer que não podia tocá-la, propriamente. Para provar seu ponto, Adrian se aproximou milímetros da morena, a conexão visual que mantinham ficando cada vez mais visível enquanto ele podia sentir a respiração da mulher em seu peito, escutar seu coração palpitar irritado. Fez questão de desfazer os braços cruzados, mantendo-os ao lado do corpo, até que a mulher terminasse de falar. Esperou que pronunciasse o nome de Valentin até perder completamente a cabeça.

Tanta adoração o irritava, o deixava estressado demais para pensar nas consequências do que estava prestes a fazer. Não tinha nada a ver com a mulher, assegurou-se, as veias do pescoço saltando no local, tamanha era a raiva que sentia. Sequer era lua cheia -- sequer era dia, por Cristo --, mas ele sentia que poderia se transformar na fera em que estava destinado a ser, o que realmente era por dentro de toda aquela casca polida e repleta de boas maneiras. Um mensageiro do inferno. Elsa o conheceria, naquele momento. Escutar que Valentin poderia expulsá-lo de algo que era por direito dele tinha sido a gota d'água, e ele tinha se cansado de brincar com sua presa. Traçou uma linha tênue entre os dois, para depois rompê-la, aproximando-se o suficiente da mulher para que a diferença entre eles ficasse cada vez mais evidente. O olhar de desprezo que ele a proferiu não podia ser menos carregado de cólera. "Eu tenho sido indulgente", vociferou, mantendo o olhar cru nos olhos azuis da criada. "Com vocês dois", engoliu a saliva, sem paciência para ser educado com uma mulher que não merecia sua educação -- ele tinha a regra de só ser um cavalheiro com nobres como ele, e Elsa estava bem longe de ser uma, mesmo que se casasse com um azarado qualquer. "Está na hora de pegar o que é meu", afirmou, segurando o braço esquerdo da mulher com um aperto tão forte que, ele sabia, machucaria qualquer mortal, mas ela não era uma mulher comum, era? Permitiu-se sorrir, irônico, enquanto via todas as emoções passarem pelo rosto da morena. Depois daquilo, seu olhar se nublou o suficiente para que não distinguisse o que estava fazendo ou chegasse a uma solução razoavelmente lógica. Quando voltou a si, estava sentando -- nada delicadamente, diga-se de passagem --, a morena em sua mesa, seus tão adorados projetos jogados ao chão enquanto Adrian mantinha o olhar feroz em contato com o da mulher -- a mesma mulher que ele não fazia questão de se lembrar do sobrenome. Irônico ou não, ele apenas sabia que devia ensinar uma lição àquela insolente. Algo que ela jamais fosse se esquecer, algo que a marcasse, mas o pensamento o enojou, segundos depois de ter passado pela sua mente.

Afastou-se, levemente estarrecido, enquanto se dava conta de que sua blusa social se encontrava em frangalhos e a mulher continuava parada, tomando fôlego, enquanto seus braços e pescoço adquiriam uma coloração roxa. Negou, tentando encontrar alguma razão, além da de estar ficando louco, para que aquilo tivesse acontecido sem que ele percebesse, sem que ele se lembrasse e estivesse plenamente a par das suas próprias ações. Engoliu em seco, preferindo adotar a mesma postura que o mantinha seguro: a de descaso, levantando uma das sobrancelhas, Adrian sorriu, como se tudo aquilo fosse parte do seu plano, quando na verdade não era. Regra de manipulação número um: sempre pareça estar no controle, não importando a situação. Engoliu em seco, entretanto, enquanto afastava-se sutilmente da mulher. Aquilo não era natural, e cerrou os olhos, tentando se lembrar de outra vez em que tivesse perdido o controle de forma tão selvagem assim. Nada veio à mente, entretanto. "Suponho que isso seja um aviso", afirmou, a voz rouca, e sabia que aquilo era desejo, por mais que todos os seus ossos tentassem fazer com que Adrian ignorasse sua cabeça. "Não vou repetir, Borralheira", apontou, displicentemente para os machucados que se apresentavam no corpo de Elsa. "Eu posso fazer muito pior, da próxima vez em que citar o nome do honrado", o sarcasmo e desprezo escorriam das palavras de Adrian, e ele não conseguia fazer diferente. "Da próxima vez, você morre, e eu não vou me importar se você é ou não a puta preferida do meu irmão", trincou o maxilar, tentando não imprimir tanta ignorância nas palavras, mas era impossível.

Queria poder voltar a pensar em suas plantas, em se acalmar, mas era impossível, Elsa não deixava que o fizesse. Temia que demorassem a sair daquele escritório, e que tipo de coisa ele acabaria fazendo com a mulher, enquanto estivessem lá. Não que se importasse, mas depois limpar o sangue do tapete seria uma dor de cabeça, assegurou-se, mentalmente, enquanto mantinha-se parado, a pose displicente negada há muito tempo enquanto a seriedade e poder tomavam o corpo de Gaspard.
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'Cause I am the opposite of amnesia || RP Empty Re: 'Cause I am the opposite of amnesia || RP

Mensagem por Elsa Owergoor Dom maio 31, 2015 2:06 am

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Ele não levou a sério minha ameaça, como eu previra. Estava claro que pessoas como Adrian Gaspard não se deixavam intimidar facilmente. Sabiam que sua posição lhes dava garantias vitalícias, como segurança, por exemplo. E eu não tinha nada para usar contra ele, ou talvez não estivesse sendo capaz de enxergar. Sua presença me deixava atordoada, diferente de quando estava com Valentin, com quem as coisas eram sempre previsíveis e seguras. Com Adrian era sempre um turbilhão, uma onde que eu tinha certeza que me consumiria se eu insistisse em falar com ele. Mas o sentimento predominante quando eu estava com o Gaspard mais novo com certeza era a raiva. Sua ironia e escárnio eram propulsores da minha fúria, e eu não entendia porque continuava me dando ao trabalho de tentar manter qualquer diálogo com aquele homem. Era por Valentin? Sabia que o Gaspard mais velho amava o irmão, ainda que ele não merecesse um sentimento tão nobre, e eu não poderia magoá-lo, por mais que me sentisse na obrigação de desprezar seu irmão caçula.

Aquela sala já estava me deixando claustrofóbica depois de apenas dois minutos com Adrian. "Ah, mon cher. Se você não é meu brinquedo, é de quem? De Valentin?", ele disse, como se eu não passasse de um objeto. Valentin jamais me trataria daquela forma, muito pelo contrário. Por mais de uma vez dei a entender que ele poderia ter acesso a minha cama, mas ele sempre corava e mudava de assunto rapidamente; durante as noites, sequer passava no corredor. Eu tinha certeza de que o queria e dormiria com ele mesmo que não tivéssemos nos casado, mas ele não pensava assim. Provavelmente porque nunca me desejou da mesma forma, e, sabendo que jamais se casaria comigo, escolheu me respeitar. Quando Adrian falou que ele me via como uma irmãzinha foi como se confirmasse meus pensamentos. Senti lágrimas brotarem em meus olhos, turvando minha visão. Queria sair dali o mais rápido possível, mas o homem bloqueava minha passagem, do alto dos seus 190cm.

Algo mudou quando falei que ele não poderia tocar-me, a raiva impregnando cada palavra. Seu olhar se escureceu, como se ele estivesse prestes a assumir sua forma lupina. Eu sabia que era assim porque era justamente como eu me sentia: como se toda a escuridão do mundo me invadisse. Estava acostumada com bestas desse tipo o tempo todo, e estava habituada a não recuar. Se eu recuasse, seria o mesmo que me render, ceder minha posição, mostrar-me fraca. E isso jamais poderia acontecer, ocupando eu uma posição importante na alcateia. Naquele momento, nem sequer me dei conta de que não estava em minha forma de besta, nem que não me encontrava nos becos escuros de Londres. Nada disso importava: eu estava numa caça. Se era a presa ou o caçador? Era difícil definir.

"Eu tenho sido indulgente", disse ele irritado e de forma intensa, seu rosto tão próximo que eu parei de respirar. "Com vocês dois". O que aquilo queria dizer, exatamente? Estava claro que ele não aprovava o fato de o irmão ter me levado para morar consigo, mas eu não tinha feito nada para irritá-lo de maneira proposital -- bem, quase nada. E a forma como ele disse, como se estivéssemos fazendo algo juntos e isso o estivesse incomodando, me deixou intrigada. Mas nada, absolutamente nada, poderia ter me deixado mais confusa do que o fato dele me jogar sobre a mesa, balbuciando algo sobre pegar o que era dele. Não senti seu aperto firme no momento -- a única lembrança de que aquilo tinha acontecido seriam os hematomas arroxeados que circundariam meu pulso e braço alguns dias depois --, só fui levada pelo momento, por aquela conexão proveniente da maldição lupina, por aquela coisa puramente instintiva e animal.

Antes que pudesse perceber havia rasgado a camisa finamente confeccionada de Adrian, os botões se espalhando pelo carpete, seu aperto cada vez mais forte. Eu sentia seu cheiro a cada inspiração, e estava pronta para alcançar seus lábios -- e talvez rasgá-los com uma mordida -- quando ele se afastou bruscamente. Tentei controlar minha respiração e meu coração que palpitava como se eu tivesse acabado de correr por quilômetros. Meu vestido estava levantado até a metade das coxas, e eu tinha certeza de que a gola havia sido danificada. Uma bagunça me cercava, com os papéis de Adrian espalhados pelo chão do cômodo. Me senti corar instantaneamente. Que droga eu estava fazendo? Estava o confundindo com Valentin? Ou estava resignada, conformada com o Gaspard que havia sobrado, por mais que ele me tratasse como lixo na maior parte do tempo?

Demorei para encarar Adrian depois disso, me sentindo mais humilhada do que em todas as vezes em que ele me tratou como uma criada. Antes uma criada do que sua puta.

Então ele sorriu, aquele sorriso maligno que eu detestava. Talvez quando eu quebrasse todos aqueles belos dentes com um soco ele pensasse duas vezes antes de sorrir.

O Gaspard fez tudo parecer muito mais com uma tentativa de homicídio do que um quase coito. Então era assim que ele lidava com seus desejos? Ri comigo mesma, me sentindo uma idiota na mão daquele homem perverso. - Terá de fazer muito mais que isso, senhor. - falei, saltando de sua mesa como se nunca tivesse estado sobre ela. E então ele me deu a pancada mais forte desde que nos conhecemos: "Da próxima vez, você morre, e eu não vou me importar se você é ou não a puta preferida do meu irmão" -- PUTA PREFERIDA? -- o tapa que dei em seu rosto foi tão forte que minha mão ficou ardendo por horas. -- Meça suas palavras, Adrian Gaspard. Você não sabe nada sobre mim.

Eu não queria que ele percebesse que eu estava magoada, mas todas as lágrimas que eu estava tentando segurar até aquele momento escorreram de meus olhos. Chorei por minha família não ter se importado comigo o suficiente. Chorei por causa da maldição idiota que tinha recaído sobre mim quando minha vida estava ótima. Chorei por Valentin ter me encontrado e eu ter me apaixonado por ele. Chorei por Adrian ter me ofendido tão gravemente... E por tantas coisas mais que davam errado em minha vida, que era, ao que parecia, uma sucessão de decepções. - E da próxima vez, faça a gentileza de me informar quando for partir pra cima de mim - disse, sentada no tapete da sala do homem que me odiava, como uma criança abandonada. Não tinha percebido que estava no chão até olhar na direção do Gaspard. Eu devia parecer patética a seus olhos.





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Mensagem por Adrian Gaspard Qua Jun 03, 2015 7:04 pm


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Assim que Elsa o inferiu um tapa na cara, formando uma distinta marca avermelhada, mesmo depois de segundos em seu rosto, Adrian sabia que nunca poderia ser racional com a morena. Segurou os pulsos tão fortemente, a expressão demoníaca presente em sua face, enquanto se forçava a não fazer mais do que isso. Não queria matá-la, e, mesmo que não soubesse o motivo, seguiu seu instinto, jogando-a no chão enquanto andava, resoluto, pela sala, notando a bagunça que tinham feito em seu pequeno momento de insanidade. A lua cheia chegaria naquela noite, e era certo que ele não conseguia controlar seus impulsos mais vorazes, mas o que tinha acabado de fazer demonstrava algo em que ele não queria acreditar. Sentia impulsos pela Gata Borralheira? O pensamento trouxe uma risada sádica aos seus lábios, gutural até. Quando percebeu que Elsa ainda estava caída, virou-se para ela, com a pose mais ignorante e pouco interessada que conseguiu forjar. "Vai sujar o tapete. Tente não sangrar em cima dele", cerrou os olhos, ignorando a vontade que tinha de chutá-la do lugar, jogá-la na rua para que não precisasse ver o rosto da Ower-- ainda não tinha se importado em decorar seu nome, o que jamaias aconteceria, convenceu-se. Elsa era um mero peão no jogo dos Gaspard, e logo ele a mataria, ou Valentin finalmente a descartaria, e aí seu caminho estaria livre para matar o próprio irmão, ascendendo a liderança da alcateia que era dele por direito.

Bufou, incapaz de olhar para a mulher depois de alguns segundos. Não era uma pessoa forte, tampouco uma loba forte. Não entendia o que Valentin tinha vis-- não sabia o verbo que deveria empregar, mas não se interessava por aqueles detalhes minúsculos -- nela. Tampouco era bonita; ficava meramente apresentável quando roubava as roupas que sua mãe usava, mas nada que deixasse qualquer um de queixo caído. Adrian não entendia, acima de tudo, porque estava perdendo tanto tempo com Elsa. Ela era descartável, por que ainda continuava ali, viva, respirando? Negou, massageando as têmporas e voltando seu olhar para a morena, certo de que aquilo não tinha acabado, que ainda teriam muitos embates enquanto a praga da Gata Borralheira, da criada sem modos, pairasse sobre a sua mansão. Adrian respirou fundo, tentando achar uma solução para aquela situação. Tinha se esquecido parcialmente de que estava praticamente sem blusa -- Elsa conseguira fazer a façanha de rasgar sua blusa social preferida -- e ela, com o vestido destroçado. Bem feito, pensou, levantando uma das sobrancelhas quando permitiu-se encará-la novamente, uma pitada de desgosto por vê-la chorando dentre um mar de orgulho por botá-la em seu lugar, mas aparentemente Elsa não se daria por vencida tão facilmente, e aquela característica mais o cansava do que fascinava, se fosse completamente sincero. Revirou os olhos, cruzando os braços depois de tirar os frangalhos aos quais dera, um dia, o nome de blusa. "Isso aqui, Gata borralheira", afirmou, levantando o braço em que os destroços se encontravam. "Vai ser descontado do seu salário. Não ficaria surpreso se você acabasse sem nada pra comer, depois disso", levantou uma das sobrancelhas, fazendo uma careta distorcida do que pensava ser uma simples gozação com a desgraça da mulher, mas realmente não se importava, ou desejaria não se importar.

A lua cheia sempre confundia os sentimentos de Adrian, e ele detestava as incertezas que trazia consigo, mas era um período em que o poder fluía por ele, embebendo suas veias em adrenalina. Não tinha como não apreciar aquele breve período. Com uma careta, jogou a blusa para um canto escuro da sala enquanto se esticava para procurar outra muda de roupas em um armário pequeno, próximo a sua mesa. Tinha plena consciência do olhar de Elsa, mas, pelo menos por alguns segundos, preferiu ignorá-la, apesar de tudo naquele escritório gritar por causa de sua presença. Ela conseguia bagunçar todos os lugares onde entrava, e ele precisava ensinar-lhe uma lição. Não que ela realmente aprendesse com elas, mas, de toda forma, sempre era bom manter-se no poder com seus subordinados. Esticou-se o suficiente para pegar a blusa, contraindo os músculos proeminentes sem se importar com o olhar da mulher -- nunca iria conseguir nada ali, de qualquer forma -- e, logo em seguida, vestindo-se, como se o que havia se passado ali nunca tivesse acontecido, verdadeiramente. Ele agiria, pelo menos, como se nunca tivesse avançado nela, mas ela saberia que ele poderia fazer mais do que aquilo, olhando para suas manchas roxas. "Ah, aquilo? Um mero aviso, Borralheira", afirmou, pouco se importando se a mulher estava sentada ainda sobre o tapete ou não, enquanto abotoava a camisa, concentrado demais em uma tarefa para perceber que a mulher já tinha se levantado e estava de frente para si. Assim que levantou o rosto, Adrian percebeu que ela não mais estava chorando, e sorriu, levemente intrigado, apesar do deboche estar latente em todas as ações que Adrian tomava perto de Elsa.

"Aliás, eu vou chamá-la da forma como eu quiser, quando eu quiser"
, afirmou, ignorando a blusa abotoada pela metade, enquanto se aproximava dela, não tão violento quanto antes, mas tendo a ciência de que ela ainda não tinha se recuperado do choque -- Deus sabia, nem mesmo ele o tinha -- os olhos encravados no da morena enquanto a encurralava, um passo atrás do outro. "Enquanto você morar na minha casa, fuja de mim. Não vou avisar duas vezes", ameaçou, sério o suficiente para que a tensão entre os dois quase se materializasse no ar. O aroma de hormônios pairava no ar, e ele só o percebeu por causa de seu olfato aguçado. "Não costumo ser bonzinho com Gatas", soltou um sorriso debochado, e se afastou, no mesmo momento em que estavam tão próximos que, muitos diriam, estavam prestes a se beijar. Talvez o bom senso o tivesse tomado novamente, nunca saberia. Adrian só queria se ver longe daquela mulher. "Limpe tudo", meneou displicentemente, de costas para Elsa, enquanto recolhia suas plantas. "E, antes que comece, é o seu trabalho", levantou o rosto, voltando seu olhar para a morena, a expressão mais cínica que podia fabricar. "Sempre será seu trabalho".
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'Cause I am the opposite of amnesia || RP Empty Re: 'Cause I am the opposite of amnesia || RP

Mensagem por Elsa Owergoor Qui Jun 11, 2015 12:59 am

Pink lipstick stain, cigarette butts I lie in bed, I hate my guts A day in the dark, a murdered afternoon, yeah Oh baby darling how I'd love To become your suicide blonde To lie beside my Romeo Oh, what a wicked way to go
...it only takes two lonely people to fuck love up and make it evil



Infelizmente, o chão não estava se abrindo sob meus pés pra que eu pudesse sumir daquela sala. Jamais poderia ter permitido que Adrian visse minhas fraquezas, ele não era uma pessoa empática, tampouco humanista; qualquer coisa que eu estivesse sentindo, ainda que estivesse me destruindo por dentro, não faria a mínima diferença para alguém frio como ele. Estava pronta para vê-lo me espezinhar e não poderia sequer ficar com raiva dele, pois a culpa era inteiramente minha por baixar minhas defesas. O que eu queria? Um abraço e palavras de consolo? Dele? Eu podia esperar sentada naquele tapete pra sempre, pois nunca aconteceria. Ele me olhava como se eu não passasse de um inseto que ele queria exterminar, tirar da vista para sempre. Era por isso que eu insistia em obrigá-lo a me aceitar: nunca lidei muito bem com a rejeição. Na realidade nenhuma das pessoas lida, o que ocorre é que algumas são simplesmente melhores em esconder a mágoa.

Levantei-me imediatamente quando ele falou sobre sujar o tapete, não porque temesse fazê-lo, mas porque aquela ceninha já tinha passado do ridículo. Que espécie de mulher eu era? Pior: que espécie de loba eu era? Certamente deviam esperar mais de mim. Diabos! Eu esperava mais de mim! Não podia – e não ia daqui pra frente – me deixar abater pelas adversidades. – De qualquer forma, não é o senhor o responsável pela limpeza dele – disse, secando as lágrimas e recobrando a compostura. Decidi que faria como Adrian: fingiria que aquilo jamais tinha acontecido e ignoraria qualquer referência sua a respeito. Aliás, eu ignoraria ele como um todo. Estava cansada daquele jogo de “morde e assopra”. Precisava me concentrar nas coisas que realmente importavam no momento, como a caça à minha espécie, por exemplo.

Estava me virando para sair da maldita sala, pouco me importando se havia perdido nossa batalha pessoal do dia, quando ele mencionou a blusa. Corei involuntariamente, mais de raiva do que de vergonha. Se não tivesse me deixado levar, nada daquilo teria acontecido e eu não estaria sendo humilhada por esse homem ridículo, que nada entendia acerca de sentimentos. – Que seja, Adrian. Não é como se eu estivesse passando fome – ergui uma sobrancelha, um resquício de meu orgulho ainda intacto dentro de mim. Eu sabia que uma das coisas que mais incomodava Adrian Gaspard no mundo era o fato de eu morar debaixo do mesmo teto que ele, usufruindo dos mesmos luxos da nobreza, e ele não podia fazer absolutamente nada quanto a isso, exceto tornar minha vida num inferno até que eu pedisse pra ir embora. Certamente seu plano era esse; o problema era que o meu plano era ficar até que Valentin não precisasse mais de mim.

Observei enquanto ele fazia questão de tirar a camisa danificada e colocava outra de dentro de um armário do próprio escritório. Eu não sabia como era ser rica, mas sempre me ocorreu que pessoas assim tivessem roupas em vários lugares, para que pudessem trocar seguidamente; Adrian era desses. Analisei também cada detalhe de seu tórax, ombros e braços – apenas para avaliar o inimigo –, concluindo que estava longe de ser tão forte quanto Bruce, o membro mais feroz de nossa alcateia, mas tinha músculos bem desenvolvidos, em que pese o fato de ser mais magro que eu, tinha certeza. Se a intenção dele era me impressionar, talvez pensando que eu nunca tinha visto um cavalheiro naquelas condições, ele estava terrivelmente enganado. Pobre Adrian.

- Tem certeza que é um lobisomem? Por que esse corpo magrelo não denuncia. Nesse instante, ele se encontrava bem à minha frente, a camisa meio desabotoada. Encarei-o de frente, sem me deixar intimidar, por mais que meus olhos e a ponta do nariz estivessem vermelhos. Não ousei olhar para seu peito; se olhasse, pode parecer idiota, mas teria de pagar duas camisas, e meu salário nem era lá essas coisas. – Não me importo do que você me chama. Na verdade não me importo com absolutamente nada que você fala. – falei desafiadora, entrando no seu joguinho mais uma vez. Acontece que ele era viciante. O jogo, digo.

- Também pouco me importam suas ameaças. Não sou uma mulher comum e você sabe disso. Jamais poderia me machucar de verdade. – Agradeci mentalmente à maldição naquele momento. O que em dias normais eu repugnava, estava sendo de alguma serventia. Adrian disse algo sobre não ser bonzinho com gatas... Que idade ele tinha? Cinco anos? – Talvez você seja mais amistoso com lobas, então – sorri, pra disfarçar o desconforto. O homem estava tão perto que sua boca estava a centímetros da minha, mas eu não recuaria mais frente a ele. Tinha de provar para todos que minha posição na alcateia era merecida e que ele era uma piada.

Quando o Gaspard ordenou que eu limpasse a bagunça em sua sala sabia que a intenção era terminar de me humilhar. A questão era que ele achava que ser uma criada era humilhante para mim, o que não era. Aliás, eu havia deixado de ser uma criada no momento em que deixei o palácio, pois Valentin nunca me tratou como uma. Ocorre que ser criada não é uma coisa que se desaprende, entretanto. – Sim, senhor. Com licença. – disse, passando por ele e indo em direção à mesa a fim de pegar os papéis que a cercavam. Coloquei todos dentro de um enorme saco de lixo, sem me importar se eram importantes. Joguei a camisa dentro do saco também, só pra que não restassem provas do crime. Revisei o tapete, lembrando dos botões; afora eles, nada mais estava fora do lugar. – Satisfeito, senhor? Gostaria de uma taça de vinho, talvez? – não esperei sua resposta. Servi com todo o cuidado, como se fosse a copeira da Rainha Victoria. Quando o líquido passava um pouco da metade da taça, fui até Adrian, sentindo sua satisfação frente à minha aparente humilhação. – Sempre ao seu dispor, milorde – falei, depois de atirar o vinho em sua cara. Esperava que depois dessa ele não me achasse uma criada tão boa e enfim me demitisse.

Saí da sala arrastando o saco de lixo. Meu orgulho não estava exatamente intacto, mas certamente estava em fase de recuperação.





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